Depressão e terapia

“Tenho certeza que sem a terapia, só com o remédio, eu não ia sair dessa”

Reprodução: Freepik

Há 4 anos descobri que estava com depressão. Na época eu tinha 28 anos, já era casada e minha filha estava com 4 anos. Eu tinha um emprego legal, no qual estou até hoje, tinha uma família legal, basicamente tudo o que eu acreditava ser necessário para estar feliz. Acho que foi por isso que tive tanta dificuldade de aceitar que estava doente. Não sei ao certo quando realmente tudo começou, mas tenho certeza que bem antes de ser diagnosticada. 

Eu que sempre gostei de sair, de ir na casa de meus pais, me vi passando meses indo somente de casa pro trabalho. Eu nem ia no mercado. O máximo que fazia era buscar minha filha na esquina de cima de casa, onde a vã da escolinha deixava ela. Deixei de fazer coisas simples de mulher, como manter meu cabelo limpo, fazer minha sobrancelha, me depilar, usar acessórios essas coisas básicas que eram normais pra mim antes. 

Meu esposo me deu muito apoio depois do meu diagnóstico, foi até ele que ajudou com o tratamento, mas antes disso era muito difícil. A gente começou a brigar demais porque eu não queria fazer nada, nem conversar, nem cuidar de mim, nem da casa e foi ficando muita coisa pra ele. Pra ser sincera eu não queria nem mais viver. As coisas no meu trabalho estavam horríveis também, minha função me exige muita atenção, e eu não conseguia me concentrar. Um dia conversando com uma prima que também era minha colega de serviço na época,  sobre o quanto eu estava desmotivada com tudo, ela me aconselhou ir em um psicólogo e até me passou o contato de uma. 

Depois de resistir muito, tive uma discussão grave com meu marido e então resolvi procurar ajuda.  As primeiras sessões de terapia foram muito estranhas eu não conseguia falar nada e as vezes até inventava algumas coisas só para o tempo passar. Ela me orientou buscar um psiquiatra também. Logo eu já estava tomando remédios e as terapias estavam bem melhores. Não foi fácil, os remédios me faziam muito mal, eu tinha dor de cabeça demais, meu estômago estava sempre doendo, não conseguia comer bem. Mas o médico foi me ajudando. Depois de 3 meses eu parei com a terapia e continuei só com os remédios, as terapias ficavam caras e eu achava que não ia precisar. 

Tudo piorou de novo, dessa vez eu tinha um pouco mais de animo pra fazer as coisas essenciais, conseguia me concentrar no necessário, mas continuava sem vontade de fazer as coisas, sem vontade de viver. Tudo o que eu pensava era que minha filha e meu esposo ficariam melhor sem mim. 

Acho que ele percebeu que eu tava ruim de novo e me convenceu de voltar no psicólogo, se ofereceu a pagar minhas sessões Eu comecei de novo as terapias. E foi aí que percebi que elas faziam total de diferença. Fiquei 8 meses fazendo terapia semanalmente e ainda as vezes precisava de atendimento em outros dias. Depois disso comecei a ir de 15 em 15 dias. Passaram 3 meses e o médico tirou meu remédio, me passou um só para ansiedade. Tomei ele por um tempo, continuei com as terapias intercaladas, por algum tempo, não sei certinho quanto, mas acho que foi uns 5 meses. 

Depois disso, não precisei mais de remédios, vez ou outra vou na minha psicóloga, mas acho que é mais por amizade nossa. No ano passado eu comecei a ter umas crises de novo, e ela me ajudou muito de novo. Tenho certeza que sem a terapia, só com o remédio, eu não ia sair dessa. 

Depoimento anônimo: A.F.S.A.

Lorraine Lemos

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